11 de mai. de 2010

Entrevista Preto Zezé

Fortaleza além de conhecida por suas maravilhosas praias, também é palco de muito rap na voz de Francisco José Pereira, mais conhecido como rapper Preto Zezé.

Um guerreiro que milita nos palcos e principalmente fora deles há nada mais nada menos que 19 anos. Zezé faz parte do grupo Comunidade da Rima no Ceará que é Formado por W-Man, Preto Zeze, Ligado (vocais e compositores) e Dj Doido nos tocas discos e na produção musical.

Pelo seu trabalho empenhado na CUFA ao lado de MV Bill e Celso Athaide, Zezé já merece um troféu, mas a vida de Preto Zezé vai muito além, nesta terça (11) as 19hrs ele lança o documentário “Selva de Pedra, a Fortaleza Noiada” CUFA CE na FIESP, Entrada Franca.

Imperdível !!!!


E por isso e muito mais que Zezé é um dos grandes guerreiros do Hip Hop Cearense participando de nossa entrevista da Frente Brasileira de Hip Hop.


FBHH: Há quantos anos você esta no movimento hip hop como rapper?

Preto Zezé: Desde 1991.

FBHH: Durante todos esses anos dentro do movimento, o que mudou sua visão que no começo você tinha e agora vê de outra forma?

Preto Zezé: É que o Hip Hop foi muito importante no primeiro momento, para dar identidade, referência, conhecimento, mas ficou ai. As coisas mudaram, o mundo mudou e o Hip Hop não conseguiu acompanhar essas mudanças, sendo assim na CUFA, tivemos que ressignificar o Hip Hop, para não cairmos no Hip Hopismo e padecer do mesmo mal. Assim entendemos a importância do Hip Hop em quanto a linguagem é fio condutor para outras janelas e não um fim em si próprio!

FBHH: O movimento hip hop esta bom do jeito que esta ou precisa melhorar?

Preto Zezé: Não vejo movimento, vejo pessoas se manifestando de forma espontânea, mas ele deixa muito a desejar no sentido de inserir as mulheres, de poder ser uma referencia para uma geração que chega agora e não tem mais acesso àqueles discursos e conteúdo que o Hip Hop da primeira geração tinha que originou os Zezé, os MV Bill e tantos outros. Ou refazemos esse conceito ou estaremos fadados ao fracasso!

FBHH: Como conheceu a Cufa e acabou fazendo parte dessa grande rede?

Preto Zezé: O Celso me encontro lavando carros, achou que eu tinha um potencial camuflado atrás da revolta contra o sistema, fruto de uma formação que já tinha antes da CUFA, uma militância social, daí percebendo isso ele me convidou, temos sete anos de CUFA, um de nome seis na legalidade juridicamente constituída.

FBHH: Além de rapper, compositor, autor e coordenador da Cufa-CE no que mais atua?

Preto Zezé: Eita! Já é coisa o bastante, mas hoje sou consultor nas área da juventude cultural e segurança pública, faço parte do conselho social do MERCOSUL e ainda quando da tempo sou locutor de radio! Sem fala que agora estou me aventurando na produção musical, preparando para produzir alguns instrumentais para o grupo Gangsta G.

FBHH: Sabemos que o crack é um problema nacional, na capa do livro esta escrito “A epidemia do crack em Fortaleza” o fator do crack em Fortaleza esta muito agravante?

Preto Zezé: Sim, porque avisamos desde 2002, ninguém deu ouvido, agora o crack chegou ao asfalto, então vai ter uma repercussão, o que me preocupa e que quando isso ocorre do lado do asfalto é tragédia, na favela é apenas uma estatística. Mas os danos sociais do crack estão espalhados por toda a cidade!

FBHH: Já foi tomada alguma providencia no estado para que diminua esse sério vicio?

Preto Zezé: Ainda não, o poder público local não tem conhecimento, o que se tem e o básico para todas as outras drogas, capaz algumas vagas em hospitais, mas o crack carece de uma rede social onde estado, sociedade e empresários se envolvam, do contrario a selva de pedra vai crescer mais e mais!

FBHH: Como surgiu a idéia tanto de fazer o filme quanto o livro?

Preto Zezé: A idéia inicial era fazer um clipe de rap,quando vi as cenas vi que tínhamos por obrigação levar a fala dos usuários para a sociedade, para que eles também fossem ouvidos. O livro vem para trazer os bastidores que eu não pude colocar no filme, ainda tem um CD de rap coletânea que foi lançado primeiro.

FBHH: Depois de quanto tempo sem usar o crack ele ainda é detectado no organismo?

Preto Zezé: A desintoxicação física é rápida, no entanto a dependência psicológica é algo que temos que cuidar com mais cuidado e com um pouco mais de tempo. Aos indicadores de recuperação são de apenas 30%, falando de álcool, quando se refere ao crack não se tem dados, logo penso que esse percentual deve ser bem menor.

FBHH: Quais são os procedimentos que devemos ter se tivermos um dependente do crack na família?

Preto Zezé: Tentar o máximo resistir a tentação ou ao desespero de querer se livrar do nóia a força, ele só vai se internar se for convencido, e o acompanhar dia a dia para ele não se envolver com o trafico, pois pode ser fatal, pois ele vai se endividar e não vai poder pagar. E fazer o máximo para socialmente desenvolver outras formas de viagens.

Por Lívia Kriukas.

Um comentário:

Thais Festa disse...

Ótima entrevista Lívia.

Parabénss!!

bjo